Possivelmente, você já deve ter lido, ouvido e quem sabe até já tenha dito a frase!
"cada um tem seu tempo"
Na Bíblia, encontramos em Eclesiastes 3:1 "que tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu."
Jesus certo dia falou a respeito com os seus irmãos "O meu tempo ainda não chegou; para vós, porém, qualquer hora é correta."(João 7:6) Os irmãos de Jesus diziam para ele ir até Jerusalém e fazer os seus milagres por lá, na visão dos irmãos era tempo de ir. Contudo, para Jesus ainda não era tempo.
O conceito de tempo desde muito tempo é algo de interesse e faz parte das relações, e muitas vezes dividido em dois tempos. Chronos e Kairós.
Chronos: palavra grega que se refere ao tempo cronológico, sequencial e quantificável, podendo ser medido por relógios e calendários. Você precisa fazer algo e define a hora e o dia para realizar. Está associado ao quantitativo do tempo.
Kairós: também do grego e se refere ao tempo oportuno, qualitativo e significativo. Seria o tempo ideal, o momento certo, adequado para que algo aconteça. Não tem a ver com quantidade, duração e sim qualidade e importância. É um tempo subjetivo, variável de pessoa para pessoa.
Na psicanálise, também falamos sobre tempo. O “tempo psicológico” onde o "cada um tem seu tempo" surge com frequência e muitas vezes esse "time" é um ingrediente para conflitos e rupturas.
Esse "tempo psicológico", na psicanálise, se refere à maneira como as percepções individuais do tempo podem diferir da noção objetiva de tempo cronológico. Em outras palavras, é como as experiências emocionais, psicológicas e inconscientes de uma pessoa podem afetar sua percepção subjetiva do tempo. A ideia de tempo psicológico tem relevância porque a psicanálise enfatiza a complexa interação entre processos mentais conscientes e inconscientes.
Essa noção de tempo psicológico pode ser fruto de várias situações e agir de formas diferentes em cada indivíduo.
Não é raro que conflitos não resolvidos do passado afetem a maneira como o indivíduo vive o presente e projeta o futuro e influencie como a pessoa investe seu tempo em diferentes atividades.
Eventos significativos, principalmente, na infância e adolescência podem influenciar como a pessoa se vê em relação ao tempo e ao desenvolvimento pessoal e profissional.
Há pessoas que entendem que perderam tempo, outras que não há mais tempo para isso ou aquilo.
Há quem acredita que o tempo passou rápido demais, ou ainda que o tempo não passa.
Independente do Chronos perceba o Kairós.
A qualidade é mais importante que a quantidade. Não importa quantos Chronos você tem e quantos ainda terá, o Kairós sempre poderá te surpreender. Como diz um narrador esportivo “enquanto tem bambu tem flecha”.
Nas relações interpessoais é comum divergências quanto ao tempo. Desejos e necessidades podem até coincidirem, porém não no tempo de realizar, de suprir. E nessas ocasiões há quem use a frase "cada um tem seu tempo" como um jargão para justificar o seu tempo.
É importante identificar o seu tempo psicológico. Feito isso é fundamental conhecer as causas para então ajustar o que você entender que faz sentido ser ajustado.
O passado sempre bate à sua porta e quando se dá conta misturou as fronteiras entre passado e presente?
Os seus sentimentos e emoções geram sensações de que o tempo não passa? A ansiedade toma conta e a angústia parece ser eterna!
Ou ainda que o tempo passa muito rápido? Pra você o dia precisaria ter 48 horas!
Realmente, cada um tem seu tempo, porém ninguém é obrigado a esperar o tempo do outro.
Não dá para viver só no Chronos e muito menos só no Kairós.
Por exemplo, alguém que não consegue encontrar tempo de qualidade para o seu parceiro, sem dúvida vive um colapso mental que pode ser reflexo do seu tempo psicológico. É claro que é uma hipótese, pois pode ser outras questões.
Eu sou Chronos e pronto. Gosto de resolver as coisas logo, eu sou assim, desse jeitinho. Não quero deixar nada para depois. O tempo não para!
Eu sou Kairós, se quiser que espere o meu tempo. O tempo adequado, o certo, eu sou assim, desse jeitinho. Nada de decidir sem refletir, sem pensar com calma. Afinal, a pressa é inimiga da perfeição!”
Os dois jeitinhos têm prós e contras. Útil em algumas situações e prejudiciais em muitas outras. Nas relações interpessoais o equilíbrio nos tempos é fundamental. E muita atenção nas justificativas para validar o seu tempo.
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