A primeira pessoa a apresentar sua causa sempre parece ter razão, até que outra pessoa venha à frente e defenda sua tese. [Provérbio 18:17]
Quantas vezes não nos vemos diante de duas versões de um mesmo fato, que ambas parecem ser verdadeiras, e você é chamado para mediar este conflito!?
Certo dia, o rei Salomão se viu como mediador de duas mães que afirmavam que um mesmo menino era seu filho.
As mulheres moravam juntas e cada uma delas tiveram um filho, com diferença de apenas três dias.
Uma delas afirma que somente as duas estavam na casa, e que de noite o filho da outra morrera, pois, a mulher se deitara sobre o próprio filho, e que ao ver o filho morto, correu para trocá-los.
A mulher que falava ao rei, diz que ao amanhecer, acorda e vê o menino morto na sua cama e que olhando para ele, percebe não ser o seu.
Neste momento a outra mulher, se manifesta e diz ao rei Salomão que não é nada disso, e que o menino vivo é seu filho, e que o morto é da outra.
Aí começa a discussão entre as duas mulheres. Cada uma com a versão que o filho vivo era seu e o morto da outra.
Diante do impasse, o rei toma a palavra:
“Esta diz: Este que vive é meu filho, e teu filho, o morto; e esta outra diz: Não, por certo; o morto é teu filho, e meu filho, o vivo.”
Então, o rei como mediador, propõe dividir em duas partes o menino vivo e distribuir metade para cada mãe.
É neste momento, que a verdadeira mãe se manifesta e propõe que o rei não mate o menino e o dê para a outra mulher. A outra, porém, propõe que a proposta do rei seja acatada.
Salomão, então, declara a sentença! O menino viverá e será dado para aquela que propôs que o menino não fosse morto.
Uma verdadeira mãe jamais proporia a morte do seu filho.
Bom, no caso específico, as teses contemplavam uma verdade e uma mentira. E nestes casos, a questão é de cunho ético e moral, situação em que o mediador precisa ter autoridade para intervir.
Mas nem sempre é assim, muitas vezes ambas versões são verdadeiras, pois, se trata da visão que cada um tem de uma mesma situação. É a velha história de um afirmar ser 6 e outro 9. [colocar a imagem]
Bem como, de nos colocarmos no papel de vítima.
Nestes casos, você deve se comportar, estritamente, como mediador. Você não vai propor a solução e sim extrai-la das partes.
E como você pode ser um mediador de resultados? Ou seja, fazer com que as partes de entendam?
Bom, você deverá ser multiparcial, compreender os dois pontos de vista, dar atenção para todos os envolvidos, focar no futuro, ou seja, como solucionar o impasse e superar as diferenças. Lembrando que as propostas de soluções deverão vir, sempre, das partes e não do mediador.
Para que a conversa conciliatória evolua, é importante seguir uma sequência.
Esclarecer os fatos a luz do ponto de vista de cada um. [todos os envolvidos terão a oportunidade de falar, cada um no seu tempo]. Aqui, é o que aconteceu, ou seja, trata-se do passado. PERGUNTA DIRETA: O que aconteceu do seu ponto de vista?
Trazer à tona o sentimento que cada um teve com fato ocorrido. PERGUNTA: O que você sentiu naquele momento?
Cada situação de conflitos são fruto de ação e reação, assim, todas as partes contribuem para a ocorrência. E esta responsabilidade precisa ser entendida pelas partes. Sem responsabilização não há solução. Contudo, a própria pessoa necessita assumir a responsabilidade. PERGUNTA: Como você acha que contribuiu para a situação chegasse a este ponto?
Um conflito, nem sempre, afeta somente as partes mediadas. Pode prejudicar família, equipe, amigos, etc. Assim, as partes precisam identificar os possíveis prejudicados. PERGUNTA: Além de vocês, quem você acha que foi afetado com a situação apresentada?
Se a conversa mediadora estiver fluindo, chegaremos no quinto item. Este é o momento em que as partes começarão a construir a proposta de acordo e reparação dos danos ocasionados. PERGUNTA: O que você acredita que precisa acontecer para que tudo volte a ficar bem?
Ressaltamos que cada item deve ser abordado, subsequentemente, com cada uma das partes, sendo que antes de passar para um próximo item, se faz necessário que não haja dúvida, entre as partes, em relação ao ponto de vista do outro. Em relacionamentos desgastados é normal os envolvidos não terem muito interesse, “saco” em escutar o outro. A função do mediador é deixar claro o que está sendo falado. O uso de paráfrase é primordial para a evolução da conversa. O Mediador deve escutar, identificar os pontos principais, resumir de forma não violenta e valorizar a responsabilização.
Não esquecer de confirmar com o emissor, se o entendimento da mensagem está correto.
A paráfrase ajuda a suavizar o que foi dito, além de possibilitar que as partes escutem os fatos de uma pessoa imparcial, já que não está envolvida na questão.
A condução eficaz do mediador, e é claro a disposição das partes em resolverem o conflito, proporcionará o aceite das propostas apresentadas pelas partes, que começaram a ser desenhadas no item anterior. Agora é o momento de fechamento. PERGUNTA: Como você pode contribuir para que tudo volte a ficar bem?
Por fim, o mediador confirma o acordo proposto pelas partes. Neste processo o ganha-ganha é o objetivo.
Ser mediador de conflitos não é algo simples, porém, você pode iniciar sendo mediador de si mesmo.
Qualquer pessoa tola tem o poder de começar uma briga; quem consegue pôr fim às contendas é que merece honrarias [Provérbios 20:03]
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