Algo interessante em relação ao cérebro é que não consegue distinguir entre real e imaginário.
Você já teve a experiência de pensar em chupar limão e se arrepiar e até mesmo salivar? É a mesma sensação quando, de fato, chupamos o limão. O cérebro na ação do pensamento!
Muitas vezes nos estressamos, choramos, nos alegramos, etc., sem estar na realidade, in loco, basta um pensamento concentrado em determinado fato e/ou pessoa para nossas emoções e reações se manifestarem.
Na conferência de 8 de julho de 1953 Lacan [psicanalista francês] apresentou uma tese baseado em seus estudos da psique a qual chamou de o simbólico, o imaginário e o real: [https://psicoanalisis.org/lacan/rsi-53.htm]
Lacan falou sobre o comportamento humano, de como a nossa psique funciona.
Em linhas gerais Lacan associa o simbólico à linguagem.
Por exemplo: Quando você ouve a palavra “cadeira”, se for conhecedor da língua portuguesa, associará à um objeto de quatro pernas com assento e encosto.
O real, para Lacan, é impossível de ser simbolizado, ou seja, não dá para você descrever.
Você, por exemplo, consegue descrever a sensação em saborear um sorvete?
Você pode até tentar, mas não conseguirá com palavras [o simbólico] descrever o real sabor.
Talvez seja por este motivo que, por vezes, falamos o que pensamos e ninguém entende.
Por último, temos o imaginário que é a forma de cada um enxergar o mundo.
Os três “itens” de nossa psique funcionam em conjunto, lembrando que é a tese defendida por Lacan, portanto, você pode concordar ou não.
Um exemplo são os desentendimentos nas relações interpessoais, as quais são causadas pela forma que cada um enxerga as coisas. [imaginário]
Provérbios 23
7 Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim é;
Você percebe o real e este real de fato existe, porém percebe este real da sua maneira. O outro percebe este real da forma dele [imaginário], daí vem o desentendimento.
E, não raro, por mais que tentamos usar a linguagem, o simbólico, para descrever o real, não obtemos êxito, já que cada um descreve do seu jeito a sensação de saborear o sorvete.
A incapacidade do cérebro em distinguir o real do imaginário não está associado aos estudos de Lacan, contudo, se entendermos um pouco de sua tese poderemos melhorar as nossas relações interpessoais.
Filipenses 4
8 Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos.
Não dá para não pensarmos em nada, então é necessário que os pensamentos sejam construtivos.
Eu sei que é difícil não pensar em determinadas situações e pessoas, então devemos estar atentos a desviar tais pensamentos, mudá-los para não gerarmos sensações, emoções prejudiciais e sentir o que não está de fato ocorrendo.
Pode ser algo que já ocorreu, uma traição, uma desilusão, uma frustração, etc., mas já ocorreu, é passado.
Muitas vezes é o que não ocorreu e nem vai ocorrer, porém você carrega a ansiedade e esta te faz viver no futuro acreditando que algo possa acontecer.
O real, o imaginário e o simbólico de Lacan se manifestam entre si, e a incapacidade do cérebro só se manifesta dado o pensar do ser humano. Eu, particularmente, acredito que os dois estudos se relacionam.
[Simbólico de Lacan]. Quando você fala, se comunica, expressa a sua opinião.
[Real de Lacan]. Você fala do que o seu coração está cheio. Pode estar cheio da realidade ou da sua imaginação [falo dos seus pensamentos].
[Imaginário de Lacan]. A forma que você enxerga as coisas pode ser congruente com poucos, muitos, porém está longe de ser unanimidade. É o que chamamos de ponto de vista das pessoas.
Se o imaginário de Lacan já gera diferentes pontos de vista, percebe que se tal ponto de vista atuar na incapacidade do cérebro e este pautado no que você imagina e não na realidade dos fatos causará ainda mais prejuízos nas relações interpessoais?
As pessoas envolvidas no contexto de tais pensamentos serão atingidas pela sua imaginação e não pela realidade dos fatos.
Se as sensações e emoções do real são impossíveis de simbolizar, as do imaginário são complicadas, pois no imaginário de Lacan é a sua forma de ver as coisas, e esta pode não ser a do outro. Complicado, não é mesmo?
Pior ainda será se a imaginação deitar e rolar em seus pensamentos, pois você vai simbolizar, se expressar em relação a algo que só existe na sua cabeça. E considerando a incapacidade do cérebro em distinguir a realidade da imaginação, as sensações e emoções serão reais.
Reflita:
Você concorda com Lacan? E por quê?
Quais as sensações que o seus pensamentos geram em você?
Tais pensamentos contribuem para uma boa saúde mental e para relacionamentos sadios?
Agora é você quem está com A palavra.
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