Outro dia me deparei com o relato de uma mãe em um artigo que li no site medium.com. O título do artigo é bem extenso: My daughter was a creative genius, then we bought her an iPhone [Minha filha era um gênio criativo, então nós compramos para ela um iPhone] Título tão grande quanto a culpa que esta mãe carregava, ou ainda carrega.
A ideia dos pais era dar um telefone somente aos 14 anos da filha, porém, a menina conseguiu persuadi-los e o presente veio antes. Não um telefone e sim um iPhone!
É assim, desse jeitinho aí, muitas vezes nos rendemos ao desejo do outro e nem sempre as coisas saem como combinado. No caso da menina, foram estabelecidas algumas regras, como tempo máximo de uso, não usar na mesa, etc. e tal. Regras que são básicas e descumpridas quase que de imediato a se deparar com o iPhone.
A mãe diz que em pouco tempo a filha era como uma drogada com o telefone. Não se interessava por mais nada. Sentia-se culpada, mas ao mesmo tempo se justifica: – “Então me pergunto se não era inevitável” – “TikTok, Instagram. Ela é menor de idade, mas ela diz que seus amigos todos têm esses apps.”
Entre o sentimento de culpa e desculpas que tomam conta desta mãe, ela vê que o TikTok, o Instagram e tantos outros Apps são os companheiros da filha e dos amigos dela. Segundo a mãe o iPhone é mau, pois rouba a infância das crianças. Contudo, ainda segundo a mãe, quando os amigos a visita, mesmo que ocasionalmente, pede-lhes para assistir seus mais recentes vídeos. Alguns são até engraçados e criativos. Aí ela diz consigo: “Isso ajuda com a culpa!”
É assim, desse jeitinho aí, não é raro nos depararmos com a culpa e a racionalizarmos.
Racionalizamos para minimizar os impactos de nossa decisão e pela necessidade que temos de explicar nossas ações e reações.
No Brasil, por exemplo, quando uma pessoa sonega impostos racionaliza justificando que o governo não utiliza os recursos de forma correta. Muitas vezes o sonegador ainda reforça a racionalização afirmando que na mão dele o dinheiro é melhor aplicado, inclusive, com doações.
Bom, na questão de celulares para crianças, alguns especialistas indicam que a idade ideal para que a criança ganhe um celular é entre 9 e 10 anos, enquanto outros afirmam categoricamente que somente a partir dos 13 anos é que elas deveriam ter seu primeiro celular. A mãe do artigo, inclusive, menciona que Bill Gates uma das maiores figuras tecnológicas da história recente, não deixa que seus filhos tenham telefones celulares até completarem 14 anos. Apesar de saber disso, a mãe se rendeu aos desejos da filha muito antes da idade recomendada por Gates.
Seja qual for a idade, o que sempre deve prevalecer é o bom senso. Evitando-se com isso o arrependimento, a culpa e, principalmente, racionalizar nossa decisão.
Caso queira ler o artigo que mencionei: https://medium.com/modern-parent/my-daughter-was-a-creative-genius-then-we-bought-her-an-iphone-bf617c0b6ca0
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